Ao invés de uma resposta lá nos comentários, porque não um post inteiro só pra você? Afinal, culpa por aqui é o molho da casa, então melhor explicar direito – pra você e pra mim – que culpa toda é essa. Você não gostou de ver essa palavra associada ao blog. Te digo que também não gosto de vê-la por perto, me rondando e me fazendo acreditar que tudo o que dizem de mim é verdade. Yes, I’m a believer too. Acredito em tudo que me dizem. :)
Por que eu me sinto culpada quando não escrevo? Eu mesma não sei exatamente, e estou analisando isso enquanto escrevo pra você. Afinal, é só um blog, um espaço só meu, para ser usado livremente, quando e se houver vontade. Não deveria haver nenhuma cobrança da minha parte com relação a atualizá-lo regularmente, afinal, quem tem que manter blog em dia é jornalista, celebridade, gente que é paga pra isso. Ou seja, eu estou me levando à sério demais. E isso não é nada bom. Acredite, eu sou capaz de dar muita risada de mim mesma, da minha preguiça, do meu relaxo, da minha falta de compromisso até com as coisas que me dão prazer. Afinal, se ninguém nunca me levou à sério, não sou eu que vou levar.
Viu como funciona? Sem querer me cobrei, me cobro e me cobro feio.
Quando eu era muito pequena, diziam que eu era uma criança irreverente. Eu cresci e irreverente virou irresponsável. De irresponsável, fui promovida a preguiçosa. O quanto disso é verdade eu não sei. Mas eu sei que não gostaria de ser nada disso.
Meu pai costumava dizer que carro de boi apertado é que canta. E é a mais pura verdade, quem tem tempo demais sobrando acaba não fazendo nada de útil com ele. Quando eu trabalhava de 8 da manhã às 7 da noite e tinha meia hora pra almoçar, eu sonhava que um dia ainda tiraria um ano sabático, um ano inteiro dedicado somente a escrever. Não tinha idéia de como faria isso ou quando seria, mas um dia, ah, um dia… Da mesma forma que me prometo que um dia vou falar francês fluentemente, vou tirar 3 meses pra estudar em Paris. Na verdade, hoje eu tenho a cara de pau de me prometer as maiores sandices, afinal sei bem como terminam essas histórias.
Então acho que acabei de entender – agora mesmo, escrevendo aqui pra você – de onde vem a tal culpa, que aliás, não é nenhuma culpa cristã, do tipo, que feio, olha você fazendo errado de novo. O nome da coisa é cobrança mesmo.
Eu acredito que todo mundo pode fazer um mínimo pra tornar o mundo um lugar um pouco melhor. Acredito também que uma boa parte do tempo e da energia que eu desperdiço olhando pro meu umbigo ou decidindo se aquela camisa fica boa com aquele jeans, podem ser usados para o mesmo propósito. Sem nem sair do lugar. Como?
Escrevendo.
Eu acredito de verdade que quando eu publico um texto que toca alguém, que traduz uma emoção que essa pessoa sentiu mas nunca soube explicar, que trás um alento ou proporciona uma pausa pra pensar, eu estou fazendo essa minha parte, esse meu mínimo. Foi mais de uma vez que alguém passou por aqui e me agradeceu por ter escrito sobre alguma experiência que tive e resolvi passar para a frente. Eu juro que fico um pouco assim sem entender nada e acho um privilégio poder de certa forma tocar, nem que seja uma só pessoa, com palavras. Na verdade, eu é que fico enormemente agradecida pela generosidade dessas pessoas, inclusive você, que param por aqui para ler um texto meu. Mas de qualquer forma, acontece.
E se acontece, eu deveria usar meu tempo para fazer mais isso mais vezes. E agora, chego à conclusão que não é culpa, alías, nem é cobrança, o que eu sinto quando não estou escrevendo.
É tristeza mesmo. Pelo tempo desperdiçado, pelas experiências não divididas, pelas histórias não contadas.
É isso. :)
Um beijo bem grande,
Ana <3
13 Comments
:D Lá do alto da minha falsa modéstia… foi impactante, não esperava mesmo! Não gostei de ver culpa associada ao blog, realmente me deixou contrariada, pois como todo pobre amante era muito importante pra mim que fosse bom pra você também. Mas vá lá… Fico mais feliz em saber que se culpa é o molho da casa, um bom vinho nunca vai faltar ;) E já que sou protagonista aqui… devo dizer que tenho enorme dificuldade em terminar qualquer coisa, de forma que não poderia deixar de salientar que considero olhar pro próprio umbigo e escolher a camisa perfeita com aquele jeans coisas importantississímas – pq se é pra vc, então vale a pena. Mas isso é na vida prática, pq no campo da sensibilidade artística o preço de tudo é a alma… agora eu entedi.
Obrigada por compartilhar!
Temos a solução para tudo isso, de uma só vez! Mas lembre-se: não se pode ter tudo! É preciso abrir mão de algumas coisas para viver outras! Bora?
Ana querida, que felicidade em entrar aqui e ver essa MARAVILHA.
Saudades suas
Beijo
Rô
ahhh entrei no Cela aussi passera, e nao tinha nome melhor neh, e como passa…
Cynthia, que bom que você gostou! ;) E, olha, foi bom pra mim também, afinal foi escrevendo pra você que acabei compreendendo eu mesma um monte de coisas. Obrigada pela sessão de terapia grátis! rsrsrsr Beijos!
Mô, eu posso abrir mão de algumas coisas pra viver outras! Isso resolve o problema do francês mas não o da escrita! rsrs Guimarães Rosa escreveu Grande Sertão Veredas em um apartamento em Paris. Mas nada garante que aconteça comigo… Amo você!
Rô, querida, que bom te ver por aqui! Que legal que você visitou o Cela! :) Estou tão triste por perder o encontro, que coisa, logo no fim de semana em que não vou estar aqui… Queria muito te conhecer e o resto do pessoal, principalmente os “das antigas”! Sinto a maior falta de gente pra trocar idéia sobre bolsa, adoro falar disso! kkkkkk Tou pensando até em estudar pra prova da Ancor, depois queria trocar uma idéia com você sobre isso. Beijos!!!!
Engraçado, quando você escreve fico com a sensação de uma diálogo intimo entre nós duas. Então vou seguindo as linhas, pensando nos meus dias, nas minhas horas e em tudo mais que acontece por aqui a minha volta. Até me lembrei dos primeiros personagens que surgiram em mim e da história que escrevi durante dias inteiros e depois nunca mais surgiu outra igual a ela e passo minhas tardes procurando personagens que sejam tão completo e quer saber, eu escrevo porque quando não o faço a tristeza me persegue.
Vamos tomar uma taça de vinho depois de um brinde? Ou uma xícara de chá bem quente? Bacio
Olá.. meu nome é Marina e você não me conhece. Tropecei aqui quando procurava um texto de Fernando Pessoa e me deparei com seu texto “Travessia”, me vi completamente. A partir daí não parei, li todos os textos do seu blog. E posso te assegurar que seus textos, de fato, tocam as pessoas, traduzem emoções, trazem alento e proporcionam uma pausa pra pensar (o que pra mim é mais marcante). E tenho a ousadia de dizer que seu blog não combina com culpa.. combina sim com liberdade. Seu blog tem cheiro de café recém coado com pão de queijo quentinho!
Passei por aqui,pq uma amiga me enviou
um texto seu,com endereço do blog
e eu gostei tanto do texto,que resolvi
vir aqui conferir,saber mais sobre a pessoa
que me tocou profundamente com as palavras…
ao chegar aqui me encantei,menina você tem o dom
amei te ler…
Bjsssssssss
Poetisa:Andréa Fênix
Ana, escrevi um monte mas não foi publicado
Mas amei sua casa e te convido para que vá até a minha.
recebi um texto seu da Heloisa Azinari e gostei muito da sua colocação sobre nós usarmos um espaço nosso para fazermos a nossa ‘leitura’ da vida. Parabéns pelo seu espaço.
Te aguardo, se desejar me visitar,
Com carinho
Sílvia
http://www.silviacostardi.com/
Já descobriu de onde vem a calma?
Saudade do tempo que você nos brindava regularmente com textos. Espero que você esteja bem.
Beijo
Aninha
Tudo depende do ponto de vista